Poesia e Imagem
terça-feira, 17 de setembro de 2013
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Viver
para Ver
Por uns assim serenos, enluarados olhos
Poderia eu viver, e viveria
E se fossem os meus
Os que os teus procurariam
O encanto de se tocarem
Ainda que distantes como opostos horizontes
Tanto afago terno seria
Mas se dos meus os teus se fossem sozinhos
Perder-me de mim, sim, perder-me-ia
Por serem eles os caminhos
Da vida que eu viveria
E para de volta encontrá-los
O que fazer eu não faria ?
Em quantos cantos da terra
Não me pareceria
Buscar quem sou e seria
Andando sob o sol claro
Beijando veredas de orvalho
De onde teus olhos me viam ?
Autor Desconhecido
Madrepétalas
A minha amada
Terá olhares claros castos-de-água
Mansos e cintilantes
Como lago à luz de céu-diamante
E porque no coração só compaixão
Na fronte não trará marcas de mágoas
Tecerá com suas mãos gestos sutis
E com a sua boca
Formacor de madrepétalas
Dirá palavras retas e gentis
Seus cabelos serão flocos em cascata
Moldura para face de leves traços
E tocarão seus ombros
Em suaves ondas de pura graça
Será o seu corpo alvo e esguio
Como a brisa da manhã nascente
Leves volteios, cadentes meneios
Lânguida dança deslizada sem pegadas
Sobre verde chão sempre macio
Porta entreaberta
Corpos e sonhos despertos
No mundo, sinal sequer de desertos
Assim não é mas assim será
Ou não terá ainda sido chamada à vinda
A vida desta desde sempre minha amada
Autor Desconhecido
Karuna
Que a simples consciência do dom gratuito da vida
A mais misteriosa e frágil de todas as teias
E ainda assim
A chama que brilha no mais profundo do nosso ser
E nos traz à luz
Ajude-nos a nos libertarmos da ilusão de separação do mundo
Que gera o egoísmo, raiz do sofrimento
Que o calor generoso de todos os seres vivos
E dos que um dia virão à vida
E a compaixão de todos os iluminados, homens e mulheres
Que estiveram, estão e estarão neste mundo
Guiem nossos passos por caminhos que tenham coração
A caminho do maior dos desafios de nossas existências
Que é o de encontrarmo-nos conosco mesmos, face a face
Sós, despidos e inocentes
Livres das amarras do passado e do futuro, memórias e desejos
Tendo de nosso apenas uma fé infinita no sopro que nos anima
Que é o próprio fluir da vida dentro e fora de nós
Que a compaixão se apodere de nós e nos embriague
E traga conforto e paz para nossos corpos, corações e espíritos
E coloque diante dos nossos olhos um campo infindo
Florido de todas as espécies
Onde possamos nos ver florindo nós próprios
E todos os seres da terra
Teremos então
A Mãe terra por altar
O Pai céu por abrigo
As irmãs estrelas por vestes
O irmão arco-íris por coroa
E o amor como fonte única do nosso poder
Autor Desconhecido
Febre
Que seja eu, mulher
A te soltar os cabelos
A te despir devagar
A te beijar a boca, o corpo
A te afagar os seios, a te molhar o ventre
A quebrar teus pudores e correntes
A beber tuas águas férteis
Sentir teus cheiros guardados
A me afogar em teus mistérios sagrados
Porque és esfinge e torrente
Que seja eu, mulher
A olhar no fundo dos teus olhos
Comungando nossos gemidos
Dissolvendo-nos os sentidos
Fazer um teu gozo e o meu
Juntando meu grito ao teu
Unir nossas sementes
Que seja eu, sempre, eternamente
A te fazer selvagem, insensata
A esquecer o tempo, o medo e o pecado
Cega para o certo e o errado
Sem te prometer menos que eu inteiro
Corpo, alma e o que mais houver
Preso em tuas armadilhas
Dançarina de harpa e mil passos
Minha menina querida
Minha dama, cúmplice e sacerdotisa
Minha amante embriagada, mulher da minha vida
Que não conheço
E não esqueço
Autor Desconhecido
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